One day, a long time ago...
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Rui
Rui
"I'm much too young to let love break my heart" by Guns N' Roses
link -> Esta foto foi também publicada no site da loja Tribal Urbano (Lisboa).
Rui
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
Viriato
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
Rest in peace my Queen of Hearts ♥
segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
terça-feira, 11 de dezembro de 2007
O fim.
Ainda ontem nesta banheira depositava o meu corpo nu, excitado e no êxtase de sentir um outro corpo, uma outra dimensão. A água efervescente beijava cada poro plantado nesta pele desinquieta. Subtilmente toquei o que outras mãos haveriam de tocar, noutro dia, noutra hora, num segundo que durava horas, num prazer simples e puro. E tudo parecia estar perto demais. O vapor sufocava-me num gemido seco e quente. Eu sabia que este cadáver a alguém o entregaria, sabia que dentro de alguém conseguiria voltar a viver, a sentir. E a água começava a arrefecer, os meus olhos pesados fechavam a cada compasso de espera, a cada segundo que as velas ardiam em meu redor. O cheiro a baunilha penetrando em mim, excitava cada interstício meu. E o suor escorria pela minha face quente e cansada de tudo. Tinha a certeza que alguém me iria matar esta sede dentro de mim. Alguém apagaria um fogo que acendera algures cá dentro. Era a minha grande certeza que numa exalação fugaz se transformou numa impossibilitada dúvida, um esboço para sempre inacabado.
Hoje é um duche. E embora a água esteja quente, já não a sinto como tal. Agora retraio cada centímetro do meu corpo. E fecho os olhos a este inferno. Oculto o nu que outrora exibia perante gotas de água escaldante, esmurro o vazio que aprisionou este cadáver que vendia sem pudores. Escondo a escultura deformada por entre os lençóis do medo e do desespero. Deixo-as cair, lágrima a lágrima, a raiva escorre em mim. Segundo a segundo imobilizo. E vejo esse alguém por entre as cortinas de vapor, longe, cada vez mais longe. Corpo gélido e ténue, olhos frios e secos, palavras frouxas e magoadas. Duche fatal que nunca quis enfrentar mesmo sabendo desesperadamente que estas asas quebrariam. As muralhas que construí não foram fortes o suficiente, ou então este rio abundante era efémero demais e não o soubeste preservar no seu curso. Não fomos capazes.
E ainda choro sobre as fotos, ainda choro ao som de tudo o que era nosso e agora apenas faz parte de recordações que nem sei se irás recordar. Ainda consigo sentir esse teu cheiro tão próprio. Ainda consigo sentir os teus braços apertados contra o meu corpo trémulo e tão feliz por te ter. Sim, ainda te sinto aqui. E fraquejo a cada momento que me apercebo que acabou mesmo. A revolta é tão grande a dor queima mais que fogo e a tua ausência mata cruelmente cada pedaço de mim, cada olhar quebrado através da janela, a cada sussurro perdido na noite, a cada amo-te que não chegaste a retribuir. Nada quis que nós déssemos certo, tudo se opôs, tudo. E a minha força esgotou-se ao fim de todo este tempo.
Só espero que ao fim de tudo isto consigas perceber os esforços que fiz, as lágrimas de sangue que derramei para que ficasses bem. Eu punha-te a ti à minha frente se fosse preciso, mas tu só fizeste isso no início, depois tudo vinha primeiro que eu, e eu não sou segunda escolha para ninguém.
Hoje é um duche. E embora a água esteja quente, já não a sinto como tal. Agora retraio cada centímetro do meu corpo. E fecho os olhos a este inferno. Oculto o nu que outrora exibia perante gotas de água escaldante, esmurro o vazio que aprisionou este cadáver que vendia sem pudores. Escondo a escultura deformada por entre os lençóis do medo e do desespero. Deixo-as cair, lágrima a lágrima, a raiva escorre em mim. Segundo a segundo imobilizo. E vejo esse alguém por entre as cortinas de vapor, longe, cada vez mais longe. Corpo gélido e ténue, olhos frios e secos, palavras frouxas e magoadas. Duche fatal que nunca quis enfrentar mesmo sabendo desesperadamente que estas asas quebrariam. As muralhas que construí não foram fortes o suficiente, ou então este rio abundante era efémero demais e não o soubeste preservar no seu curso. Não fomos capazes.
E ainda choro sobre as fotos, ainda choro ao som de tudo o que era nosso e agora apenas faz parte de recordações que nem sei se irás recordar. Ainda consigo sentir esse teu cheiro tão próprio. Ainda consigo sentir os teus braços apertados contra o meu corpo trémulo e tão feliz por te ter. Sim, ainda te sinto aqui. E fraquejo a cada momento que me apercebo que acabou mesmo. A revolta é tão grande a dor queima mais que fogo e a tua ausência mata cruelmente cada pedaço de mim, cada olhar quebrado através da janela, a cada sussurro perdido na noite, a cada amo-te que não chegaste a retribuir. Nada quis que nós déssemos certo, tudo se opôs, tudo. E a minha força esgotou-se ao fim de todo este tempo.
Só espero que ao fim de tudo isto consigas perceber os esforços que fiz, as lágrimas de sangue que derramei para que ficasses bem. Eu punha-te a ti à minha frente se fosse preciso, mas tu só fizeste isso no início, depois tudo vinha primeiro que eu, e eu não sou segunda escolha para ninguém.
Isa Abreu
Rotina perturbante
Chego a casa. Mais um dia cinzento, esfumado e estático. Mais um cinzeiro atafulhado no vício da vida, no stress do trabalho, no desejo animal. A cidade anoitece e com ela as mais escondidas agonias despertam. As mulheres saem à rua, carregando consigo a aguda dor da humilhação, o desespero e a angústia. Os homens atestam os bolsos, acedem o charuto e vão atrás delas. Sentem-lhes o cheiro, como cães com o cio, como animais famintos, como inferno ardente sobre um céu de neve. O sexo esfuma-se por cada cigarrilha incandescente, cada olhar sombrio na noite psicadélica. O seu fedor cruza cada esquina assanhada e ataca os narizes peludos e torcidos dos homens que num corrupio se avultam e toleram que a saliva lhes escorra pelas bocarras enormes e envelhecidas. As fêmeas de rabo alçado balanceiam as ancas libertando a sua essência, despertando a fome do sexo oposto. E assim correm as noites, assim corre o amor/ódio de cada um de nós, assim é derramado o sémen pútrido e infecto de cada mastro pela noite erguido, assim são invadidos os espíritos vadios de esboços enevoados pelas ruas negras e fétidas. E mais um cigarro que arde preso entre os meus lábios secos e esgotados pela labuta destes dias e noites que se parecem tanto uns com os outros. Saio de mim mesmo, transponho-me e embarco nas melodias ensurdecedoras da cidade consumida e suja. A neblina encobre os corpos rasgados das prostitutas drogadas de sexo e cuspo. Verto lágrimas de sangue sobre esta cidade, purifico a podridão que nela reina, não quero ficar presa nesta realidade. Vendo este corpo a mim mesma e nem sei o que fazer com ele. A inocência esgotou-se em mim e ainda assim me sinto tão pura dentro desta existência. O sexo apodrece e renasce dentro de cada um. A cada noite que passa, ele possui cada corpo, cada alma enraivecida e assombrada pelo castigo do dia que não absolve um erro nem apazigua a nódoa da idade. E a noite queima tudo o que o dia planta em mim, a noite abraça o meu desassossego e beija o meu pânico, enquanto o dia me assombra e despedaça cada ilusão secreta e absurda.
Isa Abreu
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